A colonização da América Espanhola
- A colonização espanhola obedeceu a outros critérios diferentes do
norte americano. Foi feita com interesses econômicos, mas disfarçados através da
alegação da fé cristã. Eram colônias de exploração, mas os espanhóis alegavam também a
necessidade de catequizar levando o evangelho aos índios. Precisamos lembrar
que o protestantismo havia tirado muitos fiéis da Igreja Romana e essa
precisava chegar a América primeiro, repondo esse contingente de fiéis
perdidos. Por isso costuma-se dizer que a colonização obedeceu a expressão “a
cruz e a espada”.
O
que mais atraia os espanhóis era o ouro e a prata, abundantes no México, Peru e
Bolívia, além da agricultura de gêneros tropicais que a Europa necessitava.
Essa exploração também foi feita por terceiros, chamados adelantados, porque a coroa espanhola não tinha
condições de bancar a colonização. Assim temos a união do capital burguês com a
coroa. Aqueles que vinham colonizar a América espanhola eram fidalgos que
buscavam uma chance de enriquecer e provar seu sangue nobre, seu estilo de
conquistador em terras distantes. A Espanha não oferecia mais espaço para o
crescimento dessa pequena nobreza.
O pacto colonial funcionou bem nas colônias espanholas. O sistema de
porto único foi adotado. Um porto no México, outra no Panamá e Colômbia
negociavam diretamente com o porto de Servilha na Espanha. Depois a rota foi
estendida para o de Cádiz. Desta forma todo comércio era controlado pela
metrópole.
Além da importante exploração das minas, desenvolveu-se a pecuária no
Chile e principalmente as chamadas haciendas: fazendas que produziam gêneros
para abastecimento local. Dentro das colônias desenvolveu-se uma economia
baseada na troca e não na monetarização, ou seja, era difícil a circulação da
moeda.
Na administração os espanhóis subdividiram as colônias em quatro
vice-reinados: Vice-reinado
da Nova Espanha, Vice-reinado do Peru, Vice-reinado da Nova Granada,
Vice-reinado do Rio do Prata. Essas divisões obedeciam a estratégias
econômicas. Cada região tinha seu vice-rei apoiado pelas audiências que eram uma espécie de câmara superior. Depois vinham
os cabildos que eram assembleias locais. Na Espanha ficavam a Casa de
Contratacion e o Supremo Conselho das Índias, órgãos máximos da
administração colonial e representantes da Coroa.
Trabalho e Mão-de-Obra nas Colônias Espanholas
A Espanha era uma metrópole mercantilista(Tendência para subordinar
tudo ao comércio ou ao interesse.),
isto quer dizer que, as colônias só serviam para serem exploradas. A colonização
só teria sentido se as colônias pudessem fornecer produtos lucrativos. Desta
forma a maioria das colônias espanholas (e também portuguesas) foram colônias
de exploração, que dependiam das regras impostas pela metrópole.O fator mais importante pela colonização espanhola na América foi a mineração. A base da economia espanhola eram as riquezas que provinham, especialmente da Bolívia, a prata e também o ouro de outras colônias. Foi esta atividade, a mineração, a responsável pelo crescimento de outras que eram ligadas, como, a agricultura e a criação de gado necessários para o consumo de quem trabalhava nas minas.
Chamamos Pré-colombianos os índios da América, anteriores a chegada do
homem branco. As civilizações Asteca, Maia e Inca tinham uma incrível estrutura
político-econômico e social, organizada sobre extensa faixa de terra que ia do
México, passando pela América Central e se estendendo à América do Sul.
Na época da chegada do conquistador espanhol Hernán Cortés, haviam impérios
bem estruturados como o dos Astecas, que era governado por Montezuma II
auxiliado por seus sacerdotes, já que religião e política andavam juntas.
Tinham agricultura desenvolvida, sistema de irrigação, aquedutos semelhantes
aos da Roma antiga e uma religião baseada no sacrifício humano aos deuses.
Mas como uma civilização foi vencida por um número bem menor de homens
brancos recém-chegados?
A explicação para esse problema repousa nos seguintes pontos:
1º A religião dos índios acreditava que um deus voltaria a sua terra. Quando os
primeiros informantes chegaram a Montezuma falando sobre “monstros que
andavam sobre as águas e homens de cabelos de fogo”, o imperador
identificou-os com os deuses;
2º Os índios não conheciam o cavalo, que transmitia imponência àquele
que o montava. Aliado a isso o homem branco tinha armas de fogo e a pólvora que
provocavam grande assombro pelo ruído e forma de matar;
3º A civilização indígena era fragmentada. Os Astecas dominavam várias
outras tribos, fazendo escravos e prisioneiros para o sacrifício humano ou
mesmo cobrando tributos. Isso deixava os demais insatisfeitos e os fez apoiar
os europeus na conquista para serem libertados do jugo;
4º Os pré-colombianos não tinham defesas orgânicas contra as doenças
trazidas pelos europeus, assim, morriam facilmente de males que os brancos já
estavam acostumados.
Depois de efetivada a conquista e subjugado os nativos, começou-se
a exploração das colônias. A força de trabalho era organizada sob a escravidão
indígena. Para isso os espanhóis usavam o sistema conhecido por mita e encomienda.
Na mita os indígenas recebiam
um pequeno pagamento não monetarizado, em troca de seus trabalhos. Na encomienda
os índios trabalhavam e em troca recebiam a catequização (a cultura cristã dos
europeus) e a proteção da coroa. Na área das minas havia ainda o repartimiento
onde trabalhavam para sobreviver até que, mais tarde, começaram a receber uma
pequena parte do que mineravam.
Todas essas formas de trabalho eram compulsórias(obrigados). Os nativos
não podiam escolher eram forçados como escravos. Normalmente viajavam para
regiões distantes da sua, sendo submetidos as piores condições. O resultado era
a morte pelo cansaço, pelas doenças, ou através do suicídio.
Organização Social
Nas viagens iniciais as mulheres eram proibidas de vir para as colônias.
Isso provocou a relação entre os espanhóis e as índias. Somam-se a isso os
casamentos de acordo entre as princesas indígenas e os conquistadores, fenômeno
que se repetia entre todos os colonos. Precisamos também recordar que os
espanhóis já estavam acostumados ao contato com o estrangeiro, devido a
presença dos sarracenos na Península Ibérica até o momento da reconquista
cristã e expulsão dos árabes.
Podemos dizer que pouco havia de preconceito nas relações iniciais,
porém, os homens desenvolveram esse preconceito com o nascimento dos filhos
mestiços. Havia dificuldades de identidade étnica porque essas crianças não
eram aceitas pelos brancos e nem por índios.
A sociedade das colônias espanholas estava hierarquizada
(organizada). No topo encontramos os chapetones, que eram os espanhóis
ocupantes dos cargos mais altos da administração como nas Audiências.
Depois vinham os criollos, que eram os filhos de espanhóis nascidos na
América. Ocupavam os lugares das assembleias locais denominadas cabildos.
Abaixo estavam os capatazes que eram os mestiços, negros e índios, que
consistiam na maioria da população.
Entre os chapetones e os criollos, havia, inicialmente,
uma tênue linha separatista. Após algumas gerações começou a haver uma
segregação que antipatizava os altos funcionários que a coroa espanhola enviava
e os nascidos na colônia que guardavam seus próprios interesses, geralmente
diferentes dos da metrópole. Foi esse sentimento que contribuiu para as
posteriores lutas por independência. A tensão e o conflito também foram
agravados pela crise que a Espanha começou a viver com a ascensão de outras potências
européias como a França e a Inglaterra.
chapetones - brancos nascidos na Espanha e que ocupavam altos
cargos civis e eclesiásticos;
criollos - filhos de espanhóis nascidos na América. Eram
grandes proprietários de terras e minas, comerciantes, grandes pecuaristas e
profissionais liberais;
mestiços -
resultantes da miscigenação entre brancos e negros, e brancos e índios. Eram mascates, servidores domésticos e
trabalhadores assalariados;
índios e negros
escravos - a camada inferior,
considerada apenas como força de trabalho.
Adelantado era um funcionário do
Reino de Castela que
tinha a máxima autoridade judicial e governativa sobre um distrito